Por: Redação / Renato Machado, Julia Chaib e Marianna Holanda | Folhapress
Integrantes do governo Lula (PT) reconhecem nos bastidores que Jair
Bolsonaro (PL) surpreendeu ao mobilizar aliados, como governadores e
prefeitos, durante o ato que reuniu milhares de pessoas na avenida
Paulista, em São Paulo.
Alguns auxiliares de Lula afirmam terem ficado surpresos com a
presença de políticos que vinham apresentando sinais de moderação ou que
vinham mantendo um canal de diálogo com o Palácio do Planalto.
Diante desse diagnóstico, a equipe de Lula adotou a estratégia de ignorar ou pelo menos minimizar os impactos da manifestação.
Nesta segunda-feira (26), um dia após o ato na capital paulista,
integrantes do governo Lula desviaram do tema. A intenção é não dar mais
visibilidade para a manifestação bolsonarista.
O presidente Lula evitou responder uma pergunta de jornalista sobre o
assunto. Já o ministro Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social
da Presidência) buscou minimizar a situação, afirmando que esteve mais
preocupado com a rodada do futebol no domingo do que com o protesto.
"Só sei que os vermelhos ganharam tudo ontem. O Liverpool ganhou, o
Inter ganhou, o Flamengo ganhou. Só deu vermelho ontem", afirmou.
Rui Costa (Casa Civil) apenas disse que a mobilização esteve aquém do
que era esperado pelos organizadores e que grande parte das pessoas que
estavam lá seguiu o chamado de pastores religiosos. Ele também ironizou
que a maior surpresa foi um suposto reconhecimento de cometimento de
crime por Bolsonaro durante seu discurso.
Interlocutores de Lula dizem que era natural uma reação de Jair
Bolsonaro diante das investigações da Polícia Federal. Eles também
destacam que o ex-presidente ainda detém um considerável capital
político. Mas ponderam que desde o início estava claro que essa
demonstração de força não teria o poder de mudar o curso das apurações
em curso contra o ex-presidente.
Por outro lado, pessoas próximas a Lula manifestaram contrariedade
com alguns integrantes da classe política que marcaram presença na
manifestação. A principal preocupação foi com lideranças políticas que
eram consideradas, pelo Planalto, mais pragmáticas e distantes do
bolsonarismo mais ideológico. Um conselheiro do presidente afirmou que
alguns "optaram por estar em um lado" e esse lado é o "dessa organização
criminosa".
A fala reflete um sentimento de que havia esperança de que o ato
fosse mais esvaziado de nomes políticos de peso. Uma das surpresas
negativas para a equipe de Lula foi a presença do governador de Goiás,
Ronaldo Caiado (União Brasil), que nos últimos meses manteve diálogo com
o governo federal para avançar projetos de interesse de seu estado.
Também chamou a atenção a postura de Tarcísio de Freitas
(Republicanos). Por um lado, a sua participação era esperada,
considerando que ele foi eleito com o apoio de Bolsonaro e a
manifestação ocorreu em São Paulo. Por outro, auxiliares do petista não
contavam com uma posição de destaque para Tarcísio e muito menos um
discurso lembrando o "legado" de Bolsonaro e com críticas indiretas a
Lula.
"Um presidente que sempre respeitou Israel e a luta de seu povo", afirmou o governador, numa fala que foi lida como uma estocada em Lula.
Bahia Noticias
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